Enciclopédia católica
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A Liturgia das Horas ou ofício Divino[]

É o livro da oração pública e comum do povo de Deus da qual o clero tem especial responsabilidade na sua celebração. Encontram-se os Salmos, os cânticos sublinhados pelas antífonas, as leituras breves da Palavra de Deus, os responsórios e versículos. Os mais belos hinos da Tradição da Igreja, as leituras bíblicas e patrísticas são um verdadeiro tesouro de espiritualidade. A liturgia das horas bem usadas dispensam livros de meditação e podem nutrir a vida espiritual e ação apostólica de quem dela faz uso.

Decreto da Igreja sobre a Liturgia das Horas[]

A Igreja celebra a Liturgia das Horas no decorrer do dia, conforme antiga tradição, asim ela cumpre o mandato do Senhor de orar sem cessar, cantar os louvores a Deus Pai e interpela pela salvação do mundo. O Concílio Vaticano II valorizou o costume que a Igreja conservava, afim de que os padres e os outros membros da Igreja pudessem rezar melhor e mais perfeitamente, nas condições da vida de hoje (cf. constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrossanctum Concilium nº 84).

O Papa Paulo VI aprovou através da constituição apostólica Laudis Canticum de 1º de novembro de 1970, em latim o livro para a celebração da Liturgia das Horas, conforme o rito romano agora o publica e o declara edição típica.

A Liturgia das Horas restaurada no ano de 1971 em conformidade com o decreto do Sacrossanto Concílio Vaticano II é a oração da Igreja, pela qual são santificados pro cânticos de louvor, ações de graças e orações. O curso completo das horas do dia como a totalidade das atividades humanas.


Quem Celebra a Liturgia das Horas[]

A liturgia das horas como as demais ações litúrgicas, não é oração particular, mas algo que pertence a todo corpo da Igreja e o manifesta e atinge. Portanto os fiéis são chamados à liturgia das horas unindo seus corações e vozes, manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.


Mandato de Celebrar a Liturgia das Horas[]

Aos ministros sagrados se confia de maneira tão especial a liturgia das horas que, embora não havendo povo, deverão celebrá-la fazendo as necessárias adaptações. A Igreja as encarrega da Liturgia das horas para que esta missão da comunidade seja desempenhada, a menos por eles de maneira certa e constante, e a oração de Cristo continue sem cessar na Igreja.


Teologia da Liturgia das Horas[]

Cristo nosso Senhor, Verbo eterno de Deus (Jo 1,1) e Sumo Sacerdote da Nova e Eterna Aliança (Cf. Hb 5,5-10), “vindo ao mundo para comunicar a vida de Deus aos seres humanos” (IGLH 3) e assumindo a nossa humanidade, trouxe também para este exílio terrestre aquele cântico de louvor, que ressoa eternamente nas moradas celestes (SC 83; IGLH 16). A partir de então, “por meio de sua Igreja, Cristo exerce a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus” no Espírito Santo, não só, porém, na celebração da Eucaristia e dos sacramentos, com sua presença viva e santificante, mas também na oração viva da Igreja, a Liturgia das Horas (SC 83; IGLH 13). Sendo, pois, verdadeiro diálogo entre Deus e os homens, Liturgia das Horas é de essência eclesial e cristológica, e não oração pessoal, constituindo também, como a Eucaristia, fonte de santificação dos homens e de culto a Deus (SC 33; IGLH 14). Como a liturgia da missa, acompanha também a Liturgia das Horas o Ano Litúrgico, em todos os seus ciclos, festas e solenidades. Essa liturgia celeste foi anunciada pelos profetas como vitória do dia sem noite, da luz sem trevas (Cf. Is 60,19; Zc 14,7), e é concebida como o exercício do sacerdócio de Cristo (SC 7). A Igreja, exercendo tal sacerdócio, “sem cessar” (Cf. IGLH 15; 1Ts 5,17), oferece a Deus uma hóstia de louvor, isto é, o fruto de lábios que confessam o seu nome (Cf. Hb 13,15). A Liturgia das Horas é, pois, a “oração de Cristo com seu próprio Corpo ao Pai” (IGLH 15; SC 84). Por isso, é verdadeira ação litúrgica, que pertence a todo o Corpo da Igreja (SC 26). Deve ser rezada por todo o povo de Deus, seja pelos membros da hierarquia eclesiástica, como também pelos religiosos, seja pelos fiéis, em grupos de leigos ou em família, como ainda até mesmo individualmente (Constituição Apostólica de Paulo VI “Laudis Canticum”, nº 8; IGLH 22; SC 26 e 100). Entre as demais ações litúrgicas, tem a Liturgia das Horas a característica de santificar todo o curso do dia e da noite (IGLH 11; SC 84), consagrando assim o tempo inteiramente a Deus. Estendendo para as diversas horas do dia os louvores e ações de graças e trazendo a lembrança salutar dos mistérios salvíficos do Filho de Deus, que se celebram na Eucaristia, a Liturgia das Horas irradia assim a luz do Mistério Pascal, tornando-se a preparação mais adequada e insuperável do próprio mistério eucarístico (IGLH 12). Aos olhos da humanidade, Cristo se revelou como o grande orante do Pai, e o louvor de Deus ressoa eternamente em seu Coração, com palavras humanas de adoração, propiciação e intercessão (IGLH 3). Vindo para fazer a vontade do Pai (Cf. Jo 6,38; Hb 10,9), ele nos deixou exemplos vivos de oração, que a Igreja conserva na mente e no coração de seus filhos. Assim, o Evangelho no-lo mostra em oração: quando o Pai revela a sua missão (Lc 3,21-22); antes de chamar os Apóstolos (Lc 6,12); antes ainda de ensinar aos discípulos como orar (Lc 11,1); quando ressuscita Lázaro (Jo 11,41); antes de solicitar a confissão de Pedro (Lc 9,18); ao abençoar as crianças (Mt 19,13); e tantas outras vezes, como nos lembra a Instrução Geral. E a vida orante de Cristo continua sendo a vida orante da Igreja, na realização de seu desejo (Cf. Lc 18,1), reafirmado depois principalmente nas exortações paulinas (Cf. 1Ts 1,2; 5,17; 2 Ts 1,11; Rm 1,10; 12,12; Ef 6,18; Fl 1,3-4; 4,6; Cl 1,3; 4,2; 1Tm 2,8; 5,5; e 2Tm 1,3). Segundo Santo Agostinho, Cristo, como o grande orante do Pai, e como Cabeça de sua Igreja, revela-se-nos como Aquele que ora por nós, que ora em nós e a quem devemos nós orar. Ora por nós, como nosso Sacerdote; ora em nós, como nossa Cabeça; e a quem devemos orar, como nosso Deus. Devemos, pois, reconhecer a nossa voz nele, e a voz dele em nós.


Os diversos momentos da Liturgia das horas[]

Sem entrar em dados históricos, na evolução do Ofício Divino, dá-se aqui a estrutura atual da Liturgia das Horas, em sua parte prática, para compreensão sobretudo dos fiéis leigos. Compõem, pois, o Ofício Divino:

a) - A Introdução de todo o Ofício b) - A Oração da Manhã e a Oração da Tarde c) - O Ofício das Leituras d) - A Oração das Nove, das Doze e das Quinze Horas, ou Oração Média e) - As Completas ou Oração da Noite. A seguir, faz-se pequena referência a cada Hora, em separado, mas, diante do oceano imenso que é a Liturgia das Horas, pede-se a compreensão do leitor para os limites do Autor, notando-se que não é intenção deste trabalho aprofundar convenientemente o tema tratado, mas sim ser uma simples introdução ao estudo da Liturgia das Horas.

Introdução de todo o Ofício[]

O Invitatório é a introdução normal de todo o Ofício, que se inicia com a primeira oração cotidiana, geralmente a Oração da Manhã, ou então o Ofício das Leituras. Consta o Invitatório do versículo bíblico “Abri os meus lábios, ó Senhor, E minha boca anunciará o vosso louvor”, seguido do salmo 94 (95) e sua antífona. O salmo 94 (95) pode ser substituído, quando oportuno, pelos salmos 99 (100), 66 (67) e 23 (24), desde, porém, que esses salmos não façam parte da salmodia própria do dia corrente. A antífona do salmo 94 (95) deve repetir-se no início, após cada estrofe e no fim, sendo facultado, na recitação individual, recitá-la somente no início e no fim do salmo. No Tríduo Pascal, nas festas e solenidades, a antífona, fora do Invitatório, encontra-se no Próprio do Tempo ou no Comum. Nos domingos e dias da semana, encontra-se no Saltério. Com o Invitatório, os fiéis são chamados cada dia a cantar os louvores de Deus e a escutar a sua voz (IGLH 34).


Oração da manhã e oração da tarde[]

A Oração da Manhã e a Oração da Tarde, de acordo com a tradição da Igreja, formam os dois polos do ofício cotidiano, e como principais devem ser celebradas (Cf. IGLH 37). Como pilares, pois, ou como gonzos de todo o Ofício Divino, a Oração da Manhã e a Oração da Tarde são aqui colocadas em paralelo, em considerações comuns, fazendo-se somente as observações naquilo que as distingue. A Oração da Manhã se destina e se ordena à santificação do período matutino, como se depreende de muitos de seus elementos constitutivos (IGLH 38). Consagram-se por ela então a Deus os nossos primeiros movimentos, sejam da alma, da mente ou do corpo, no labor físico. Na perspectiva cristã, o trabalho não deve ser iniciado sem que o corpo se tenha voltado para o Senhor, na invocação “Eu vos invoco, Senhor, desde o amanhecer...” (Cf. Sl 5,3-4). Também a Oração da Manhã se celebra como lembrança da Ressurreição do Senhor, como que louvando a “luz verdadeira que ilumina todo homem” (Cf. Jo 1,9), “nascendo do alto” (Cf. Lc 1,78). A hora, pois, adequada à sua recitação é na chegada do novo dia , anunciando o “Sol nascente” (Ib.). A Oração da Tarde se celebra quando anoitece, e o dia já declina, para agradecer a Deus o que nele recebemos ou o que nele realizamos, para a glória do Senhor e santificação dos homens e do mundo, também pelo trabalho cotidiano. Ela nos lembra os grandes sacrifícios vespertinos, ou seja, aquele da Última Ceia do Senhor, na noite da Quinta-Feira Santa, quando ele instituiu os sacrossantos mistérios da Igreja, como nos lembra também aquele momento do dia seguinte, quando, estendendo as mãos, entregou-Se ao Pai, para a salvação de toda a humanidade. A Oração da Manhã e a Oração da Tarde, por causa de sua ligação mais profunda com o Mistério Pascal de Cristo, Morto e Ressuscitado, e também com o mistério da Encarnação, são verdadeiras orações da comunidade eclesial.


Ritual próprio da Oração da Manhã e da Oração da Tarde[]

a) - Introdução

Elas se iniciam com o versículo “Vinde, ó Deus, em meu auxílio...”, seguido do “Glória ao Pai...” e “Como era no princípio...”, com “Aleluia”. Este se omite no tempo da Quaresma. Quando a Oração da Manhã é precedida do Invitatório, ou seja, quando ela é a primeira oração do dia, suprime-se toda a introdução aqui referida (Cf. IGLH 41), rezando-se então o Invitatório: “Abri meus lábios...”, e “E minha boca anunciará vosso louvor”. Em seguida diz-se o salmo 94 (95), acompanhado de sua antífona.

b) - Hino

Após a introdução, segue-se o hino correspondente, sempre indicado no lugar próprio, de acordo com o dia, tempo ou mistério celebrado. Na memória dos santos, não havendo hino próprio, toma-se livremente do comum ou do dia da semana correspondente.

c) - Salmodia

A salmodia da manhã é constituída de um salmo matutino, seguido de um cântico do Antigo Testamento e de outro salmo de louvor, segundo a tradição da Igreja. No princípio de cada salmo deve-se dizer a sua antífona, e, no final, deve-se concluir com o “Glória ao Pai” e “Como era...”. O “Glória ao Pai” é uma conclusão adequada, que confere à oração do Antigo Testamento uma dimensão cristológica e trinitária. No final de cada salmo, repete-se também a antífona. Nas solenidades, festas e memória dos santos, a salmodia da Oração da Manhã é a do domingo da I semana do Saltério. Têm antífonas próprias os domingos do Advento, Natal, como também os dias de semana de 17 a 24 de dezembro. A salmodia da Oração da Tarde é constituída de dois salmos adequados à celebração da tarde, seguidos de um cântico do Novo Testamento (das epístolas ou do Apocalipse). Como na Oração da Manhã, também aqui os salmos são seguidos de suas antífonas.

d) - Leitura bíblica

Terminada a salmodia, faz-se a leitura bíblica, que muda de acordo com o dia, tempo e festa. Deve ser ouvida como verdadeira proclamação da palavra de Deus e, na celebração com o povo, pode ser acrescida de pequena homilia. Como na liturgia da missa, a palavra de Deus é aqui seguida de um salmo responsorial, breve.

e) - Cântico evangélico

Após a leitura bíblica, e também a exemplo da Liturgia da Palavra, na missa, pode entoar-se solenemente o cântico evangélico, com sua antífona. Para a Oração da Manhã, o cântico evangélico é o de Zacarias (Lc 1,68-69), e para a Oração da Tarde o cântico é o da Santa Mãe de Deus, o “Magnificat” (Lc 1,46-55). Aos cânticos evangélicos se dá a mesma importância e dignidade do Evangelho, podendo, pois, ser acompanhados com a mesma solenidade. No fim, diz-se o “Glória ao Pai”, a exemplo do que acontece com os salmos.

f) - Preces e intercessões

Terminado o cântico evangélico, na Oração da Manhã fazem-se as invocações, exatamente para recomendar ou consagrar o dia ao Senhor. Já na Oração da tarde, fazem-se as intercessões, com as diversas intenções, sendo a última sempre pelos defuntos (IGLH 51, 179, 180, 186 e 187). A Liturgia das Horas celebra, na verdade, o louvor divino, mas a tradição, tanto judaica como cristã, não separa do louvor a oração de petição e, com freqüência, faz esta derivar daquele (IGLH 179). Nesse sentido é que se diz também, com relação à missa, que, mesmo sendo ela antes de tudo ação de graças e sacrifício de louvor, tem também valor súplice, contendo então as preces comunitárias, segundo a exortação de São Paulo (Cf. 1Tm 2,1-4), bem como as intercessões da Oração Eucarística. Quer, pois, como invocações, na Oração da Manhã, quer como intercessões, na Oração da Tarde, na tradição viva da Igreja são sempre chamadas preces.

g) - O Pai Nosso e a Oração Conclusiva

Após as invocações e intercessões, recita-se o Pai Nosso e reza-se a oração conclusiva. Esta se encontra no Próprio do Tempo, ou no Próprio ou Comum dos Santos. Com a recitação do Pai Nosso na Oração da Manhã e na Oração da Tarde, em sentido comunitário, pretende-se chegar, durante o dia, à sua tríplice recitação, dada a recitação também na liturgia da missa (IGLH 195). Na celebração comunitária, o sacerdote ou o diácono, caso presida, despede o povo com a saudação “O Senhor esteja convosco”, seguida da bênção, como na missa, e com o “Ide em paz...”


O Ofício das Leituras[]

O Ofício das Leituras, mesmo diante da riqueza de textos bíblicos que se lêem na celebração da missa, quer apresentar ao povo de Deus, principalmente aos clérigos, uma série mais copiosa de textos bíblicos, a fim de que possam, no sagrado cumprimento de seus deveres ministeriais, transmitir aos fiéis a eles confiados o alimento salutar da palavra de Deus. O Ofício está hoje estruturado de maneira que, embora conserve a índole de louvor noturno, quando recitado em coro, pode-se adaptar a qualquer hora do dia (Cf. SC 89c).


Ritual próprio do Ofício das Leituras[]

a)Invitatório

Tudo como na Oração da Manhã, quando primeira oração do dia. Se não, o “Vinde, ó Deus, em meu auxílio...”)

b)Hino

Depois do rito introdutório, recita-se o hino próprio, aplicando-se a este as mesmas orientações para o hino da Oração da Manhã.

c)Salmodia

A salmodia aqui é constituída de três salmos, ou partes de salmos, que se dizem com as antífonas correspondentes.

d)Verso salmódico

Antes das leituras, diz-se o versículo, que faz a transição da salmodia para a escuta da Palavra de Deus. Este versículo é indicado antes da primeira leitura.

e)Leituras

Há no Ofício duas leituras. A primeira é bíblica, com seu responsório, e a segunda tomada das obras dos Santos Padres, ou de escritores eclesiásticos, podendo ainda ser uma leitura referente ao santo do dia, seguida também de um responsório. A segunda leitura, aqui referida, pode então ser patrística, hagiográfica ou espiritual, dependendo do tempo litúrgico, da festa ou solenidade, como ainda da memória dos santos. Nos chamados “tempos privilegiados”, em que não se celebra nenhuma memória obrigatória (IGLH 237 e 238), quem quiser celebrar um Santo, depois da leitura patrística com seu responsório, acrescenta a leitura hagiográfica própria e conclui com a oração do Santo (IGLH 239).

f)“Te Deum”

Após a segunda leitura com seu responsório, o “Te Deum” é recitado ou cantado: nos domingos fora da Quaresma, nos dias da Oitava do Natal e da Páscoa, como também nas festas e solenidades.

g)Oração conclusiva

Após o “Te Deum”, quando for o caso, ou após a segunda leitura com seu responsório, reza-se então a oração conclusiva.


Oração das Nove, das Doze e das quinze Horas (Hora Média)[]

De acordo com a tradição cristã, os cristãos costumavam orar em diversos momentos do dia ou do trabalho. Nos primórdios, já “perseveravam no ensinamento dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e na oração” (Cf. At 2,42). Com o correr do tempo, passou-se também a santificar as demais horas, que os Santos Padres viam insinuadas nos Atos dos Apóstolos. Aí de fato aparecem os discípulos orando às nove horas (Cf. At 2,1-15). Pedro sobe ao terraço para orar, às doze horas (Cf. At 10,9). Ainda juntamente com João, sobe Pedro ao templo, à hora da oração, ou seja, às quinze horas (Cf. At 3,1). Estas horas menores foram então conservadas na reforma litúrgica, porque também, nessas horas, se via relacionada a memória de alguns acontecimentos ligados à Paixão do Senhor e à pregação inicial do Evangelho (Cf. IGLH 75). Sua recitação é recomendada a todos os fiéis, principalmente àqueles que fazem retiro espiritual. Recomenda-se sobretudo pelo menos uma das três Horas, a fim de se conservar a tradição de orar durante o dia (IGLH 77). Caso se recite apenas uma das Horas, esta se chamará então Hora Média. A estrutura ritual é idêntica para todas as horas menores: versículo introdutório, hino, salmodia (constante de três pequenos salmos, ou parte de salmos), com suas antífonas, leitura bíblica, com seu verso breve, e oração conclusiva. Para estas horas, não há hinos próprios para a memória dos santos. Propõe-se para as três horas menores uma dupla salmodia: a corrente e a complementar. Quem recita apenas uma Hora sempre recita a salmodia corrente, e quem recita mais horas, numa delas tomará a salmodia corrente e nas outras a salmodia complementar.

As Completas(Oração da Noite)[]

Segundo a Instrução Geral, a oração da noite é a última do dia, e reza-se antes do descanso noturno, mesmo passada a meia-noite, se for o caso (IGLH 84), lembrando-nos aqui da oração de Paulo e Silas, na prisão (Cf. At 16,25). Começa, como as demais horas do Ofício Divino, com o verso “Vinde, ó Deus...”, seguido do “Glória ao Pai...” e “Como era...”, com Aleluia. Este se omite no tempo da Quaresma. Após a introdução, propõe-se um breve exame de consciência, como louvável prática da piedade cristã (IGLH 86). Segue-se-lhe o hino indicado. Para a Oração da Noite, são propostos apenas três hinos: um, para o Tempo Pascal, e dois (A e B) para o restante do Ano Litúrgico. No Próprio do Tempo, ou no Ordinário, é indicado qual dos dois hinos é apropriado para a recitação litúrgica, fora, pois, do Tempo Pascal. Segue-se então a salmodia, com os salmos 4 e 133 (134), para as I Vésperas dos domingos e solenidades, e para as II Vésperas, o salmo 90 (91), com suas antífonas. Para os outros dias, o salmo encontra-se no Saltério, mas pode-se tomar a salmodia do domingo por aqueles que queiram rezar de cor a Oração da Noite (IGLH 88). À salmodia segue-se a leitura bíblica, com seu responsório, depois dos quais recita-se o cântico de Simeão, “Nunc Dimittis” (Lc 2,29-32), também acompanhado por sua antífona. O cântico evangélico aqui referido constitui o ápice da oração noturna. Finalmente, vêm a oração conclusiva, a bênção, mesmo em particular (“O Senhor nos conceda...”), e uma das antífonas da Virgem Maria, com a qual se encerra a Oração da Noite. A exemplo do que acontece na liturgia da missa, na Liturgia das Horas as solenidades do Natal e da Páscoa são celebradas com Oitava, dando assim aos dias seguintes o mesmo caráter festivo da celebração principal. Nos dias da Oitava, a Oração da Noite é então a do domingo, alternando os dois formulários propostos, de I e II Vésperas.


Elementos verbais da Liturgia das Horas[]

Pela riquíssima Instrução Geral, “que é um verdadeiro tratado de oração”, podemos perceber que a Liturgia das Horas é essencialmente bíblica, não só em seu conteúdo, mas também em suas formas, dada ainda a sua conotação simbólica no que diz respeito às horas da celebração. A Liturgia das Horas mantém, pois, a estrutura essencial de “diálogo entre Deus e seu povo”, como também “entre Cristo e a Igreja” ((IGLH 14 e 15). Nesse diálogo salvífico, é preciso deixar sempre a Deus a iniciativa. Orar é sobretudo escutar. Este era o segredo do povo bíblico (“Ouve, Israel...” Cf. Dt 6,4). Por isso, a oração bíblica é sobretudo contemplativa, e agora, com a plenitude da revelação do Novo Testamento, vive então a Igreja o cume da riqueza cristológica e trinitária. Na dimensão, pois, trinitária da prece cristã, o Pai é a sua fonte e seu fim; Cristo, seu mestre e único Mediador; e o Espírito Santo, sua força orante e seu vínculo profundo de comunhão. Daí, na Igreja e na liturgia, o adágio: “Ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo”. A sistematização verbal da Liturgia das Horas, que se segue, revela-nos como a Igreja trabalhou seriamente na sua composição, em longo percurso, a fim de que os princípios da renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II pudessem ser de fato pontos de enriquecimento espiritual e de retorno feliz à realidade orante de todo o povo de Deus.

P. Fernández descreve os elementos verbais da Liturgia das Horas com muita precisão e clareza, dividindo-os em constitutivos, complementares e ambientais. Temos então, segundo ele:

a) - Constitutivos Os textos bíblicos (salmos, cânticos e leituras) e os textos eucológicos (as preces e o Pai Nosso).

b - Complementares As leituras (patrísticas, hagiográficas e espirituais); os textos poéticos (as antífonas, os responsórios e os hinos); e os textos eucológicos (coletas e orações sálmicas).

c) - Ambientais Por elementos ambientais são citados os títulos dos salmos e as sentenças bíblico-patrísticas.

Esses últimos elementos, os ambientais, juntamente com as antífonas, ajudam-nos a compreender e a rezar melhor os salmos. Já os textos bíblicos e eucológicos, como elementos essenciais e constitutivos, encontram-se nos diversos momentos da Liturgia das Horas, com sua força crística de santificação.

Bibliografia[]

- Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas (IGLH) - Bíblia de Jerusalém - A Celebração na Igreja (Vol. 3) - Documentos Pontifícios n° 144 - A Sagrada Liturgia - SC)

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